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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A música segundo Tom Jobim (O Filme)...


O extraordinário universo da música de Antonio Carlos Jobim não cabe em palavras.
Foi com essa idéia em mente e a sensibilidade aguçada que o diretor Nelson Pereira
dos Santos, ao lado de Dora Jobim, se dispôs a encarar o desafio de desvendar em
filme a trajetória musical do grande compositor brasileiro, autor de uma obra
eterna, de alcance internacional. 

Em A música segundo Tom Jobim, os diretores
escolheram o caminho sensorial da imagem e do som para exibir o trabalho do
músico considerado, ao lado de Heitor Villa-Lobos, um dos maiores expoentes de
todos os tempos da música brasileira. Não há uma palavra sequer no filme. E nem é
preciso. Uma sucessão de imagens de grandes intérpretes brasileiros e internacionais
em performances inesquecíveis, e do próprio Tom Jobim, em diferentes momentos,
alinhava a trajetória musical do “maestro soberano”. Está tudo lá: a força e a beleza
da sua música, as diferentes fases do artista, o alcance e a poesia das suas canções,
sua personalidade musical, a importância da sua obra. Tudo conduzido de forma
vigorosa e poética, sem necessidade de maiores explicações. Apenas o prazer e a
emoção de ouvir Tom Jobim.

Nelson dirigiu, em 1985, um documentário sobre Tom Jobim para a televisão
brasileira, com duração de quatro horas. Sempre teve grande admiração pelo
compositor. Quando decidiu fazer A música segundo Tom Jobim percebeu que o
acervo de fotos e filmes da família do compositor e os arquivos obtidos pela pesquisa
de Antonio Venâncio eram tão ricos que o próprio material podia, por si só, contar
a história de Tom. “Vi que em cada imagem havia uma outra história”, diz Nelson.
“E mais outra. Era uma história dentro da outra, contando tudo através da música”.

A espinha dorsal do filme foi construída com base na música e nas imagens em
movimento e fotográficas. Dessa forma, a atenção se concentra em cada foto, em
cada performance original e surpreendente. E o filme permite que o espectador se
entregue inteiramente à música.

Consagrado diretor de cinema, considerado um dos mais importantes cineastas do
país, Nelson Pereira foi um dos precursores do Cinema Novo. Seu filme Vidas Secas é
um dos filmes brasileiros mais premiados de todos os tempos. Aos 27 anos, em 1955,
lançou seu primeiro longa-metragem Rio 40 Graus. Ao longo da sua carreira, fez
mais de 20 filmes, entre eles Boca de Ouro, Amuleto de Ogum, Fome de Amor, Como
Era Gostoso o Meu Francês, Jubiabá, Tenda dos Milagres, Memórias do Cárcere, premio
da FIPRESCI no Festival de Cannes de 1984.

A música segundo Tom Jobim é basicamente um filme de montagem, no qual a
edição, com os cortes e entradas de imagens, definem o ritmo, a intensidade e a
emoção do que se quer mostrar. Por isso, a equipe trabalhou em conjunto em todas
as etapas: pesquisa, seleção de arquivos, edição de imagens.

Com grande experiência no universo dos DVDs musicais, Dora Jobim dividiu a
direção com Nelson Pereira dos Santos. É profunda conhecedora do material de
arquivo de Tom Jobim, seu avô, fez um levantamento extenso dos arquivos, e seu
ouvido musical foi importante instrumento na hora da montagem. Sua experiência,
aliada ao rico acervo fotográfico e de imagens da viúva de Tom, Ana Jobim,
contribuiu de forma decisiva na elaboração do filme.

A roteirista Miúcha Buarque de Holanda levou para o filme a visão artística e, ao
mesmo tempo, pessoal do compositor. Ela foi grande amiga de Tom Jobim, que
conheceu quando os dois freqüentavam o ipanemense bar Veloso, popular entre
artistas na década de 70, e onde foi composta a famosa Garota de Ipanema, com
Vinícius de Moraes. A canção tornou-se conhecida no mundo inteiro e imortalizou
o bairro por onde passava a célebre Garota. Miúcha, que participou do disco Best of
two worlds, com João Gilberto – com quem foi casada – e Stan Getz, teve convívio
musical intenso com Tom Jobim, organizou a pesquisa e desenvolveu a base da
história de Tom: sua personalidade, seu humor, sua sagacidade, seu talento, a
sofisticação da sua música.

A direção musical de Paulo Jobim, músico e filho de Tom, foi imprescindível. Paulo foi
o ouvido musical do filme e cuidou da qualidade do áudio de cada arquivo.
Depois de um grande levantamento documental de fotos, imagens e documentos,
foi feita a seleção de imagens, entre dezenas de arquivos. A edição de Luelane Correa,
junto com os diretores, construiu a trajetória musical de Tom com uma montagem
que usou fotos e imagens de forma cronológica, acompanhando o compositor desde
suas primeiras fases até seu amadurecimento.


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