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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Nego, Canções Americanas em versão brasileiras...


Disco que sai pela Biscoito Fino traz clássicos da canção americana compostos por judeus em versões para o português interpretadas por artistas consagrados como Maria Rita, Seu Jorge, Gal Costa, Erasmo Carlos, João Bosco, Zélia Duncan, entre outros.


Nos Estados Unidos do início do século XX, os imigrantes judeus já possuíam uma tradição musical trazida de seus países de origem. Na nova terra, muitos deles, músicos, incorporaram elementos da música dos negros norte-americanos, para construírem obras que contribuíram para elevar a canção popular a um nível poucas vezes atingidos na história dessa arte. Essa empatia não se deu apenas no âmbito musical, já que negros e judeus nutriam uma identificação mútua por sofrerem, ambos, discriminação.

Um álbum de releituras de grandes clássicos do jazz norte-americano compostos originalmente por autores judeus, Nego traz versões escritas pelo letrista, produtor e jornalista Carlos Rennó e arranjos assinados pelo maestro, produtor e violoncelista Jaques Morelenbaum. Reúne ainda um seleto time da MPB, formado por nomes como Carlinhos Brown, Dominguinhos, Elba Ramalho, Emílio Santiago, Erasmo Carlos, Gal Costa, João Bosco, João Donato, Luciana Souza, Maria Rita, Moreno Veloso, Ná Ozzetti, Olivia Hime, Paula Morelenbaum, Seu Jorge, Wilson Simoninha e Zélia Duncan dão novas vozes a músicas que marcaram a história da canção moderna como Strange Fruit, Ol’ Man River, Summertime, Bewitched, Over the Rainbow, White Christmas, entre muitas outras.

Carlos Rennó e Jaques Morelenbaum tinham o plano de fazer um disco apenas com regravações de clássicos da fase áurea da música americana, entre as décadas de 20 e 50. A ideia começou a sair do papel quando Yael Steiner, presidente do Centro da Cultura Judaica, co-realizadora do projeto em parceria com a Biscoito Fino, convidou a dupla para produzir um projeto musical para a instituição. Prontamente, Rennó e Morelenbaum propuseram o CD Nego, partindo da consideração de que a grande maioria dos principais compositores de canção norte-americana (sobretudo a produzida para os musicais da Broadway e de Hollywood) dos anos 20 aos 50 (período abrangido pelo repertório do disco) eram judeus.

Apesar de as composições originais serem todas norte-americanas, ambos fizeram questão de que o projeto transbordasse brasilidade e ginga, tanto na parte lírica quanto na musical. “Quando surgiu a ideia de escrever essas versões, concluímos que além das letras, seria ótimo dar uma musicalidade brasileira a essas canções”, diz Jaques Morelenbaum.

Carlos Rennó completa: “Como costumo fazer em minhas versões, busquei não só reproduzir o sentido e o espírito das letras em inglês, brazilificando algumas expressões originais, mas também traduzir o estilo empregado nelas, restituindo seus sistemas rímicos, o que incluiu rimas internas, suas aliterações e ressonâncias, sem contar jogos de palavras como termos de duplos sentidos”. Em outras palavras, ele aplicou critérios de tradução de poesia literária às suas versões.

Para a seleção dos intérpretes, a dupla se baseou em um critério fundamental: “Qualquer cantor tem vontade de colocar a voz em clássicos desse nível. Por isso, selecionamos os intérpretes conforme sua identificação com cada música”, esclarece Morelenbaum.

Outros grandes instrumentistas brasileiros como Toninho Horta, Hamilton de Holanda, Leo Gandelman, entre outros, participaram das gravações. Na parte gráfica, a arte é assinada por Kiko Farkas, com fotos de Rennó e Morelenbaum por Bob Wolfenson.

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